Aniversário do QCG
A corporação após seu início no ano de 1856 usava um espaço junto com a polícia na Rua do Regente Feijó, o terreno no Campo da Aclamação, número 45, foi cedido em 1864, local que é ocupado até os dias atuais. O quartel possuía uma pequena estrutura, porém após a república teve a sua construção majestosa, desenhada pelo Marechal Engenheiro Marcelino de Souza inspirado no Palácio de Cristal projetado por Joseph Paxton e erguido na Exposição de Londres de 1851, sendo considerado uma contrução moderna e desafiadora.
Souza Aguiar planejou a nova sede do Quartel Central, distribuindo habilmente os prédios no terreno limitado. Ele usou alvenaria de pedra ou tijolo nas fachadas externas, enquanto nos ambientes internos, fora da vista do público, priorizou estruturas metálicas. Esses edifícios internos exibiam elementos metálicos de forma graciosa, utilizando o ecletismo romântico do final do século XIX.
O corpo principal do prédio, voltado para o Campo de Santana, apresenta um imponente bloco horizontal com uma bela torre centralizada e verticalizada para destacar a entrada principal. O mais interessante foi que Souza Aguiar seguiu os princípios clássicos da arquitetura ao projetar a base do prédio, utilizando pedra e inclinação para transmitir solidez, finalizando com um friso destacado. O corpo da edificação, com três pavimentos, é demarcado horizontalmente pelas janelas, combinando textura, adornos e alternância de cheios e vazios para conferir leveza.
A vida da edificação entrelaça-se intimamente com a trajetória da própria corporação e com a vida urbana nacional. Se, de um lado, a cerimônia inaugural do Quartel assinalou o desfecho de um ciclo de consolidação e organização, por outro, marcou o limiar de uma nova era, repleta de promessas de expansão e progresso. Mais de um século transcorreu desde então, hoje marcou-se 116 anos. As fundações planejadas pelo arquiteto Marcelino de Souza Aguiar permanecem como testemunhos imutáveis dessa jornada. As intervenções realizadas ao longo do tempo, alinhadas a questões temporais, os avanços tecnológicos e as metamorfoses nas práticas operacionais, refletem uma evolução constante. Principalmente se pensarmos no sentido de entender além da visão funcional do espaço, sua importância simbólica, diversa e complexa onde existe territorialidades heterogêneas e dinâmicas entendidas pelos Bombeiros Militares em cada estrutura presente, moldadas pelas mãos dedicadas de seus bravos combatentes, erguem-se como monumentos à resolução, à bravura e ao nobre dever “aliena vita et bona salvare”.
Texto elaborado por: Cap BM Góis
REFERÊNCIA: Santos, Renata. Casarão vermelho : centenário da construção do quartel do Comando Geral do Corpo de Bombeiros, 1908-2008 / [texto] Renata Santos, Nireu Cavalcanti; [fotografia] César Duarte; [versão para o inglês Mapina Pombo]. – Rio de Janeiro : Casa da Palavra : CBMRJ, 2008.